domingo, 25 de agosto de 2013

crianças

Hoje eu tropecei e caí na rua e gritei muito de dor. "AAAI AAAI AAAI" até sentir que estava de bom tamanho. Simplesmente não pude evitar. O Rodrigo me afagou e eu fui me acalmando e silenciei. Foi a primeira vez que eu demonstrei em alto e bom som o que eu sentia, e eu acho que tenho aprendido isso com as crianças da escola onde estou trabalhando.

As crianças se machucam muito, o tempo todo, desesperadamente. E elas se comportam sempre mais ou menos do mesmo jeito: o choro (varia de escandaloso a contido), o pedido de colo (nem sempre verbalizado) e a calmaria. Cada criança é um oceano. E depois elas voltam a brincar com mais energia ainda.
Os pequenos adoram dançar. Nas aulas de música, o professor tocava "Chocolate" do Tim Maia e espontaneamente a sala se tornou um grande baile. Semana passada teve uma oficina de dança, e um dos meninos veio me mostrar tudo o que tinha aprendido. Que cena mais linda é uma criança dançando... vinte segundos de apresentação particular daquele menininho gravados para sempre dentro de mim.
As crianças buscam resolver suas questões, muitas vezes, no grito. Ou na agressão. Pequenos seres em estado de natureza! Daí a gente ajuda na resolução dos conflitos estimulando o diálogo: "diz pra ele o que você tá sentindo". Então elas dizem que nunca mais vão perdoar o fulano, "nem amanhã!" e, depois de alguns minutos, já estão lá se abraçando novamente... tudo muito rápido na vida delas...

Gosto de trabalhar com as crianças porque elas me fazem lembrar - para nunca mais esquecer - do ser humano melhor que eu já fui. De como eu já fui mais honesta comigo mesma e com os meus desejos e de como eu já fui menos egoísta e menos cheia de mágoas. Nesses 22 anos de vida aprendi muito, mas acho que desaprendi muito mais...