quinta-feira, 27 de outubro de 2011

prece

que eu sinta menos ódio, e seja paciente

que eu aprenda a perdoar

que eu crie intimidade comigo mesma

que eu sinta menos ódio, e seja paciente

que eu me culpe menos

que a saudade me abrace como uma amiga

que eu sinta menos ódio, e seja paciente

que a alegria me visite de vez em quando

que nada me pese, nem a roupa

que eu sinta menos ódio, e seja paciente

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

noite passada eu sonhei

Noite passada eu sonhei com meu pai. Ah, vocês vão dizer, lá vem ela de novo! Acreditem, nem eu me aguento mais. Chega, Carolina, chega de fazer deste blog um espaço para se falar da morte do seu pai. Eu tento mudar o assunto, juro que tento. Mas está na minha cabeça o tempo inteiro.

Por favor, por tudo que é sagrado, não fiquem assim quando a morta for eu. Por favor, sigam suas vidas e não fiquem falando de mim a cada cinco minutos, não percam horas de sono chorando. Passa tudo tão depressa e é tão pesado, tão pesado. Como dizia a menina de um livro que eu li certa vez, quando já se tem seu quinhão de tristezas, não se deve procurar mais.

O sonho, eu preciso dizer, foi grandioso. Como todos os outros que tive com ele (foram mais ou menos 730). Ele voltava para ficar comigo por um dia e eu -- fraca -- não conseguia aproveitar, não conseguia nem falar com ele direito. Só ficava pensando: "daqui a pouco ele vai embora, e como vai doer, daqui a pouco ele vai embora de novo..." enquanto as preciosas horas iam passando e ele fazia suas caretas engraçadas para mim.