terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Balanço de Carolina

Quando eu prestei vestibular, lá em 2007, eu tinha dezesseis anos. Passei e comecei o curso de Pedagogia com dezessete. Muita gente já demonstra extrema maturidade com essa idade, já trabalha e tudo. Eu não. Eu, como dizia meu pai, só queria iê iê iê coca-cola... Eu nem queria estudar. Eu nem sabia o que fazer com um curso superior. Meu sonho, à época, era pegar uma mochila e sair por aí. Como se para isso eu só precisasse do meu espírito sagitariano aventureiro...
Eu era uma menina um pouco melancólica e cheia de espinhas. Queria nunca mais ter rotina. Bom, querer eu ainda não quero, mas... A faculdade foi me trazendo algumas responsabilidades com as quais não estava habituada a lidar, como trabalho para casa! Veio uma pesquisa com uma professora bem durona, e eu voltei a estudar francês. Vieram alguns amores que não deram certo. Veio muito conhecimento e muito movimento estudantil pelo caminho.
Veio setembro de 2009. Passarinho que era, meu pai caiu bem devagarzinho e leve, sem espanto. E ninguém sofreu mais do que eu.
Ainda bem que o tempo passa. Veio um partido político, meus sonhos até couberam dentro dele, por um tempo, e isso me preencheu. Veio uma cachorrinha que come todas as minhas flores, veio um corte moderninho de cabelo, veio uma porção de cidades por esse Brasil que eu tive a alegria de poder conhecer, veio a Catalunha, veio um até um namorado! E como me ama, o namorado. Ele é, mais ou menos, digamos, o meu avesso. Ele fica fascinado com o modo como eu conto as minhas aventuras. De como eu quase morri afogada em Porto de Galinhas, de como eu sobrevivi a tantos lanches vencidos, de como eu quase fui atropelada por um caminhão, como eu andei por horas a fio sob o sol em busca de água. De repente minha vidinha toma contornos tão bonitos.

Lá vem o trem 2012 e eu já estou de malas prontas.

domingo, 13 de novembro de 2011

Marx e Peuchet

"... e até o próprio amor à vida, essa força enérgica que impulsiona a personalidade, é frequentemente capaz de levar uma pessoa a livrar-se de uma existência detestável.

[...]

A classificação das diferentes causas do suicídio deveria ser a classificação dos próprios defeitos de nossa sociedade"

Indico a leitura... "Sobre o suicídio", essencial na compreensão do pensamento de Marx para além das questões econômicas; fundamental para a discussão sobre o patriarcado que faz das mulheres as suas maiores vítimas.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

falta pouco para eu "me formar"

Eu gosto muito dessa letra que parece letra de máquina de escrever. Aliás, uma máquina de escrever foi um dos presentes mais legais que eu já ganhei nessa vida.

Hoje eu li todos os textos que deveriam ser lidos e terminei um capítulo do meu TCC, que caminha a passos largos para o sucesso. Quer ir me ver? Minha defesa vai ser na primeira semana de dezembro. O título do meu trabalho é "Do ideário socialista à prática de se passar a mão na cabeça de bandido: a vida da Carolina é uma doidera".

Recebemos na UNIFESP a ilustre visita do REItor, uma figura absolutamente deprimente que fugiu de todos nós, estudantes, como se fosse uma ratazana. Nem vou perder meu tempo escrevendo sobre esse escroque. Na verdade eu só citei aqui porque foi um acontecimento do dia e eu queria chamar o Albertoni de "ratazana" publicamente.

Hoje eu vou ver Pearl Jam. Tô sentindo que eles vão tocar todas as músicas que eu pedir, só porque eu fui uma ótima menina no decorrer desse ano. Meu anjinho Rodrigo que o diga...


(ps.: é mais fácil acreditar no título do meu trabalho ou no meu comportamento inquestionável durante 2011?)

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

prece

que eu sinta menos ódio, e seja paciente

que eu aprenda a perdoar

que eu crie intimidade comigo mesma

que eu sinta menos ódio, e seja paciente

que eu me culpe menos

que a saudade me abrace como uma amiga

que eu sinta menos ódio, e seja paciente

que a alegria me visite de vez em quando

que nada me pese, nem a roupa

que eu sinta menos ódio, e seja paciente

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

noite passada eu sonhei

Noite passada eu sonhei com meu pai. Ah, vocês vão dizer, lá vem ela de novo! Acreditem, nem eu me aguento mais. Chega, Carolina, chega de fazer deste blog um espaço para se falar da morte do seu pai. Eu tento mudar o assunto, juro que tento. Mas está na minha cabeça o tempo inteiro.

Por favor, por tudo que é sagrado, não fiquem assim quando a morta for eu. Por favor, sigam suas vidas e não fiquem falando de mim a cada cinco minutos, não percam horas de sono chorando. Passa tudo tão depressa e é tão pesado, tão pesado. Como dizia a menina de um livro que eu li certa vez, quando já se tem seu quinhão de tristezas, não se deve procurar mais.

O sonho, eu preciso dizer, foi grandioso. Como todos os outros que tive com ele (foram mais ou menos 730). Ele voltava para ficar comigo por um dia e eu -- fraca -- não conseguia aproveitar, não conseguia nem falar com ele direito. Só ficava pensando: "daqui a pouco ele vai embora, e como vai doer, daqui a pouco ele vai embora de novo..." enquanto as preciosas horas iam passando e ele fazia suas caretas engraçadas para mim.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

aconteceu agora

As minhas mãos ainda estão tremendo, o coração acelerado, mas quero experimentar a sensação de escrever neste estado.

Assitia a um filme quando ouvi os gritos de "Socorro, ah, meu Deus!!". O drama saiu da TV e estava na minha rua... Um homem só de cueca com sua batata da perna completamente pendurada agonizava e gritava de dor na frente da minha casa. O portão da vizinha violado. Em poucos minutos a rua já estava cheia, porque ele gritava muito alto, e os buchichos começaram. Gente falando que era bem feito, e que tinha é que ter machucado mais, quem manda ficar pulando no portão dos outros pra roubar. Interrogatórios absolutamente descabidos para o momento atormentavam o já atormentado moço (ressalto: só de cueca). Completamente alterado. Afirmando que viu alguém roubando sua moto, e que ele morava na nossa rua. Ninguém acreditando, porque ninguém o conhecia. "Essa bosta vem morrer na frente da minha casa!", disse o senhor que vai à missa todos os domingos. Chamei a ambulância e, trinta minutos depois, quem chegou foi a polícia, também cheia dos interrogatórios inapropriados. "Não importa o que ele fez, ele precisa de assistência", argumentei pro policial, profissional totalmente despreparado que não tirava a mão da sua arma. Uma arma contra um rapaz drogado de cueca se arrastando pelo chão com a perna pendurada. Um monte de juízes em volta.
A Maria já não aguenta ver gente passando mal assim, e ver tanta maldade. Começou a tremer e tremer e a lembrar de quando era o meu pai que estava caído no chão, nas mãos dela.

E chegou a ambulância! O rapaz enfim conseguiu dizer onde ficava a casa onde morava (para a Maria, a única que foi falar com ele sem desconfiança) e outros vizinhos explicaram que ele não pulava o portão para roubar. Deu um soco pedindo ajuda e amassou a chapa de ferro. Tudo esclarecido. Os olhares de reprovação permaneciam, como quem diz "drogado merece isso". Como tem gente doente em volta de mim.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

para criar passarinho


Já que está chegando o dia dos pais e esse será o meu segundo dia dos pais sem pai, comprei um livro para a parte dele que ainda vive em mim. Diz o livro:

"Para bem criar passarinho há que se sonhar borboleta, anjo ou estrela cadente. É importante ter imensas intimidades com o nada, admirar o vazio e um especial encantamento pelo azul que existe muito depois das nuvens, infinito adentro.
(...)
Para bem criar passarinho é necessário prender o universo - dos mares ao firmamento - em uma gaiola respirando azul e infinito por todos os lados. É seguro declarar que nenhum espaço é demais para os voos. Para bem criar passarinhos é preciso experimentar as asas, sempre."

Bartolomeu Campos de Queirós

sexta-feira, 29 de julho de 2011

julho

"A menina tá descendo".

Eu passo por um aparelho que apita, por uma mulher fardada que me revista, deixo todos os meus pertences, passo por um grande portão com um grande cadeado, há um pequeno jardim, eu já posso ver as primeiras calças amarelas a trabalhar sob o sol de inverno. Passo pela administração, onde trabalham as calças amarelas que andam rebolando e usam maquiagem. Mais um portão grande com um cadeado grande, mais um, mais um... chego ao setor da Educação, onde há calças amarelas responsáveis por arrumar aquela papelada toda. Mais um portão grande e estamos na "gaiola". Passamos pelo maior corredor do mundo, onde há calças amarelas andando em sentidos contrários ao nosso. E então lá estou eu. A escola do presídio, exatamente no centro dos pavilhões de moradia. O carcereiro mais boa gente do Brasil me diz que eu posso ficar o tempo que eu precisar, e se retira. Só eu e as calças amarelas.
Eu falo do meu trabalho, eles falam de suas vidas, eu tento absorver tudo, tudo, tudo, mas eu não anoto nem gravo nada, eu realmente não consigo... É forte, forte, forte. Meninos, vamos sair dessa sala fria e ir ali tomar um sol? Eu não me importo com tudo o que vocês já fizeram. Menina de cabeça comunista e burra, presta atenção! Enquanto você pensa bobagens eles já falaram uma porção de coisas.
Por que disseram que eu descia, se não há descida alguma?
Uma das calças amarelas me diz que sente saudade de sentar na calçada de casa e de conversar com os vizinhos; me fala de como é pesado o ambiente em que vive, e de todas as acrobacias que desenvolve para lidar com a culpa e a solidão. Sou acometida do sentimento mais terno do mundo e por uma fração de segundo me movo em sua direção, no impulso de abraçá-lo.

Todos os dias, depois do presídio, me sinto como uma criança que chora sem saber apontar onde dói.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Campanha "vamos deixar a Maria feliz"


E lá se vão quase dois anos que o nosso menino foi embora, e a Maria chora todos os dias. Ora, já nasceram muitas crianças depois disso, já vingaram muitas mudinhas, mas a Maria continua chorando. Já compramos esmaltes de cores diversas, já dei a ela panos coloridos, já aprendi a fazer malabares, já trouxe uma catalã para morar conosco... e a Maria continua a chorar.
Estou recolhendo sugestões e presentes para a mais doce senhora que eu já conheci... mandem vídeos, contem uma piada, elogiem o bolo dela, passem uma tarde com a gente...

Na esperança de que ela fique boa logo para me acompanhar em todas as aventuras a muitos metros acima do mar,

Carolina

terça-feira, 26 de abril de 2011

só mais uma reflexãozinha que não diz nada de novo

Então eu me encontrava conversando com o senhor responsável pela faxina dos banheiros do CEU (espaço da prefeitura utilizado de forma indevida pela UNIFESP em Guarulhos), e ele lamentava, com uma ponta grande de rancor, o descaso dos alunos e professores para com o seu trabalho.

Analisando essa elite intelectualizada e aqui também está inclusa a pretensa vanguarda da revolução unifespiana –, me deparei com uma galera que se diverte à beça com preconceito linguístico e acha o fim da picada todas as músicas que se escutam no Pimentas, as roupas que as moças usam no Pimentas, os restaurantes do Pimentas... E essa galera não vê a hora de pegar o diploma e dar no pé, de preferência para fora do país. Porque o estágio nas escolas do Pimentas, Deus me livre, adolescentes sem nenhuma educação, crianças piolhentas, professoras mal preparadas!

Ainda bem que a sabedoria do povo se encontra bem longe desse conhecimento podre da academia, que é para não se envenenar.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

estória para alegrar manhãs frias e chuvosas

Uma vez eu conheci um mundo que fica lá do outro lado, tive que andar duzentos mil quilômetros.
Foi lá que eu encontrei o caracol-bola-de-boliche. Ele era mais ou menos assim: [é preciso modelar na massinha para que vocês entendam bem].
Lá também tinha a cobra-palito, o peixe-corda e o cachorro-mochila. O cachorro-mochila era o carteiro desse lugar. Ah, mas eu só conheci ele nos anos 60, quando eu era um bebê.
Nesse mundo existia o elefante-mega-gigante, ele tinha uma perna cheia de espinhos, mais ou menos assim: [ah, a massinha é muito ilustrativa, queria ter tirado uma foto]. Para matar o elefante-mega-gigante eu demorei mil anos! Precisei de um martelo gigante e de um alicate.
Eu conheci lá nesse mundo o caranguejo-borracha e o papagaio mochila. Esse papagaio não trabalha como carteiro, ele só fica na escola.

Lá tem escola?

Sim, mas só pros animais! Aí, teve um dia que eu vi o papagaio-espinafre e o macaco-espeto... era mais ou menos ass... (chega o seu pai para buscá-lo)

A saga foi vivida pelo Thiago, menino de quatro anos. Pedi permissão para escrever para vocês. Quero saber como termina (e se termina), vou ver se amanhã ele libera a continuação! Aí eu conto por aqui.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

o coração dos aflitos pipoca dentro do peito

Ontem, de volta à cidade do Rio de Janeiro, eu vi alguns blocos na rua. E era dia de vitória do Flamengo. A cidade estava radiante... em mim, vontade de dançar. Mas a mochila era grande, pesada.
Hoje cheguei à Terra da Garoa, da qual não senti muita saudade durante este mês de fevereiro, e fui logo me deparando com o metrô lotado, o Tietê enchendo e enchendo, a tarifa do ônibus intermunicipal que subiu (mais!) e todas as caras emburradas de sempre, porque, puxa, não sou dada a essas bobagens de caracterizar pessoas pelo local onde vivem, mas eu preciso dizer que no Rio os semblantes são mais serenos e amigos. Deve ser por causa do mar, só pode ser.

Bem, queridos, eu quero contar um pouquinho da experiência que vivi junto a alguns companheiros em assentamentos e acampamentos do MST no estado do Rio de Janeiro. Eu penso que escrever vai diminuir à beça o encantamento da vivência, mas um repasse é necessário. Vamos lá.

Durante o período preparatório do EIV tivemos grandes debates sobre o papel do Estado, democratização dos meios de comunicação, e, claro, Reforma Agrária. Dentre os palestrantes, Marcelo Freixo, Ivan Pinheiro e MC Leonardo! Tudo isso aconteceu no assentamento Vida Nova, em Barra do Piraí.
Cultivei muitas ideias com os amigos que fiz... em sua maioria, cariocas. De outros estados, haviam três meninas: eu, uma guria tri-legal do Rio Grande do Sul, a Pâmela, e uma moça do Mato Grosso, Michele. Conosco também estavam quatro argentinos: o Alejandro, a Barbara, o Santiago e o Augusto. Cantamos juntos algumas canções de Liberdade sobre la lucha campesina por America Latina.
Sem mais delongas, vamos à segunda parte do estágio: a vivência nos assentamentos e acampamentos. Vamos ao grade aprendizado, vamos à "moça maluquinha da cidade" que foi buscar respostas e só conseguiu mais inquietações. Que bom!
Chegamos ao acampamento Madre Cristina tarde da noite, e encontramos a Dona Alzelina tomado uma cervejinha. Antes de qualquer coisa, ela se adiantou: "cadê minha filha?". O jantar estava pronto, havia abóbora, arroz... Ela, com muita hospitalidade, falou que podíamos tomar banho, se a gente quisesse (eu e o Ton, meu companheiro de vivência em Madre Cristina). Banho de bacia! Num espaço sem porta! Como já sabia que não seriam férias, tratei de não me frustrar com nada. Tivemos água suja de lagartixa morta no poço, aranha caranguejeira na barraca, calor, muito calor, uma fossa sem o tratamento necessário, enfim. É importante mencionar os perrengues, já que lá pelo terceiro dia a Dona Alzelina me pediu: "quando chegar lá, mostra pra todo mundo como é o nosso sofrimento, o calor dessa barraca, a sujeira, que é pra ninguém mais chamar a gente de vagabundo baderneiro".
A Dona Alzelina, puxa, ela merecia um grande e belo livro sobre a sua história. Grande guerreira! Foi com ela, e não com Marx, que eu entendi no que se pauta a exploração do homem pelo homem. Toca sozinha a sua roça de abacaxi, aipim, milho... e sabe tudo. Há uma manifestação no Rio, lá vai ela com seu chapéu de palha! Quando eu fiquei doente, ela me fez um chá... a aranha apareceu, ela me colocou para dormir junto a ela em sua cama. A verdade é que eu me senti protegida como nunca antes havia me sentido. Companheira de verdade, porque comigo ela compartilhou o seu pão e os seus sonhos. Na hora de ir embora, eu queria falar uma porção de coisas, queria falar como era grande o meu afeto e minha admiração, como eu estava feliz e honrada, mas eu só consegui balbuciar "Deus abençoe a senhora, Deus abençoe a luta da senhora".
Eu poderia escrever sobre a organização de um acampamento do MST, sobre as reuniões e assembleias das quais participei, sobre o açude onde nadei, sobre os outros amigos que fiz por lá, sobre tudo que foi muito novo para mim, mas, velho, não dá. Um texto mais técnico vai ser publicado no boletim do MST lá do Rio, aí eu divulgo por aqui. Por agora, eu só quero falar do tormento aqui de dentro... Cheguei em casa e minha mãe comprou uma super ducha muito boa, mobiliou a sala, minha gaveta cheia de roupas limpinhas, tudo é tão confortável e injusto...

Chove em São Paulo e eu penso na seca que castiga a roça dos meus amigos. Estou atrasada para a Faculdade e fico pensando como vai ser difícil aguentar toda aquela galera que teoriza o tempo inteiro sobre as relações de produção e pensa que a revolução vai partir dos seus artigos científicos. E eu, o que vou fazer? O que importa é que agora eu começo a compreender, assim como as mulheres, homens e crianças de Madre Cristina, porque o sol se levanta vermelho.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

segundo teste para saber se gosta muito de alguém

Esse é mais difícil.

Faça uma grande viagem. Não é necessário muito planejamento, ao contrário, essa viagem deve estar repleta de imprevistos. E de paixões.
Cultive bons amigos, prove diferentes culinárias, dance, caminhe, caminhe, caminhe...
Escale montanhas, desça corredeiras, estude, escreva poesia...
A viagem deve ser longa para que o teste dê certo. É provável que o conceito de "longo" seja absolutamente relativo, por isso não convém mencionar meses ou anos.
Aí chega a hora. Você vai saber.

Ao olhar para o horizonte, sorri ao lembrar do alguém? Encontra a paz desse alguém em todos os lugares onde procura?

Se a resposta for "sim", é hora de voltar para casa.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

pobre e honesto

se tanta miséria
não barra a cobiça
chega uma hora, meu velho,
no way: o mundo enguiça

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

o que alimenta a vida

"As esperanças, sedentárias, deixam-se viajar pelas coisas e pelos homens, e são como as estátuas, que é preciso ir vê-las, porque elas não vêm até nós."

Julio Cortázar

VÁ E PEGUE A SUA.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Conversa vai, conversa vem

Ah, estes encontros de passagem de ano... eu sou a única pessoa da família com posição política definida, acho, aí a galera adora me malhar por isso. Me chamam de ingênua, boboca, daí pra baixo. Vou transcrever um diálogo que tive com uma tia, durante a posse da Dilma. Foi mais ou menos assim (a primeira fala é da minha tia):

- A Dilma já começa mal, porque ela nem entrou e o salário da corja toda já aumentou.
- Isso não diz respeito a nada que a Dilma tenha feito.
- Mas o povo não sabe disso! Ela já entrou queimada.
- Tá. Mas o povo poderia se revoltar com outras coisas, também. E com outros salários abusivos, não só com o dos parlamentares. Um General ganha dinheiro pra caramba, até depois de morrer, e ninguém acha que isso é uma barbaridade.
- Mas ele trabalhou muito pra chegar onde está. Olha o tanto que o seu tio trabalha e estuda. [tenho um tio que é Major]
- Sim, mas um pedreiro trabalha à beça e não ganha nem um décimo do salário dele.
- Mas o pedreiro não estudou.
- Uai, o pedreiro não teve a oportunidade de fazer cursinho Objetivo na Paulista, como o tio.
- O pai do seu tio era um homem pobre que batalhou para fazer seus filhos estudarem.
- Não discordo... mas você não pode pautar sua argumentação em exceções.
- Não são exceções. A gente tem vários exemplos: olha o Lula, o Sílvio Santos...