terça-feira, 29 de junho de 2010

mais certezas

Gosto tanto, mas tanto, mas tanto de lugares muito, extremamente e absurdamente altos, onde venta tão forte que até doem os ouvidos. Frequentemente fecho os olhos e me imagino caindo, e isso me traz uma paz que eu não encontro em nenhum outro lugar.
Não gosto de responder às perguntas "você leu o texto de hoje?" ou "você tá bem?".
Gosto de olhar para o céu à noite e sentir que uma daquelas nuvens macabras vai me abraçar para sempre.
Não gosto que arranquem galhos da roseira, das begônias, de nada.
Também não gosto de ter que aprender a dirigir.
Gosto de sentar nos últimos bancos das igrejas, enquanto as pessoas não estão presentes.
Não gosto de pizza, não gosto de Coca-Cola. Gosto de sorvete de pistache.
Não gosto, mesmo, de gente me pressionando com prazos. Não gosto de telefone.
Gosto de perder o sono por volta das 5h às 6h, abrir a janela do quarto e ver o sol. Gosto dessa esperançazinha que toma de conta de mim pela manhã.
Não gosto de despertador. Gosto menos ainda quando é o alarme do celular.
Gosto muito do nome "Zoé". Gosto de aprender a nadar.

Quero morrer em um dia de chuva.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

sobre uma flor e a pequena princesa

"Não soube compreender coisa alguma! Devia tê-la julgado pelos atos, não pelas palavras. Ela me perfumava, me iluminava... Não devia jamais ter fugido. Deveria ter-lhe adivinhado a ternura sob os seus pobres ardis. São tão contraditórias as flores! Mas eu era jovem demais para saber amar."

SAINT-EXUPÉRY; Antoine de. O Pequeno Príncipe. Tradução de Dom Marcos Barbosa. 28ª ed. Rio de Janeiro: Agir, 1985, p. 33-34

sábado, 12 de junho de 2010

me ensinem a ouvir




Então... quanto falta pro seis chegar ao nove?
Oi?
Tinha nove coisas e tirei seis, quantas ficaram?
Ah, sim... [ele esquematiza com os dedos] Três.
É isso aí. Mas do jeito que eu perguntei primeiro é mais fácil de entender, não?
Não!
Mas, se fossem números maiores, você não conseguiria colocar todos nos dedos. Tipo 13 - 7. É mais fácil ir contando do sete até o treze.
É nada.
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Ei, rapazinho! Você precisa começar a resolver pela casa das unidades.
Por quê? Vai dar a mesma coisa.
Não... às vezes o resultado da direita influencia o da esquerda, porque sobe ou empresta um, lembra?
Ah, mas do meu jeito sempre dá certo.
Mas não pode, Khristian, deixa eu te mostrar...
Não, deixa EU mostrar do meu jeito!

[E aí ele fez, e deu certo.]
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Ana, antes de você ir embora, a gente pode escrever muitas palavras?
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Eu tenho cara de professora?
Aqui, sim. Mas se eu te encontrasse na rua, você não teria cara de professora. A nossa professora tem cara de professora na rua e aqui.
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Um dia, Ana, eu não vou mais te conhecer; quando eu tiver a sua idade. Mas eu vou te conhecer no coração, por causa do seu carinho com a gente...
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Ixi, cê já vai embora amanhã, é?
É...
Cês ficam pouquinho tempo demais, podia ficar mais um mês.
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Tchau, Ana! Eu vou sentir saudade. Quando você voltar pra visitar a gente, você vem de vestido? Eu queria te ver de vestido.
Tá um pouco frio...
Você coloca uma meia calça por baixo!
Tudo bem, Raiane, eu venho de vestido. E com um casaco grande.

sábado, 5 de junho de 2010

ninguém precisa entender

letra aponta a dor
raio que abraça
vida sem rumo

se tá tudo bem, de onde vem a sombra dos teus olhos?